Reflectindo um pouco...

Em resposta ao texto "Love is..." em TRD Fusion, tendo acabado de o comentar, optei também por aqui pôr o que escrevi, com mínimas alterações depois de uma revisão.

O amor é sentir o dia-a-dia de maneira diferente. E depois pensar nisso. Ou deixarmo-nos levar. Ou os dois, mas seja como for, saímos sempre alterados, e é uma questão de observar essas alterações para nos tentar perceber melhor o que na verdade somos (o que ainda escondemos muito de nós próprios).

Será que estamos mesmo a fazer coisas que ("nós homens") não queremos, ou simplesmente a abrir uma parte da nossa pessoa da qual não sabíamos existir? Ou os dois? E então, como identificamos um do outro: qual dos dois casos estamos a libertar e expandir a nossa personalidade, e qual dos dois a fazer um teatro aprisionante da nossa maneira de ser?

Se é para o primeiro caso, não me importo nada de mudar. Ou antes, de evoluir (de crescer?), porque continuarei a ser o mesmo individuo, simplesmente mais consciente de algumas das minhas características, que poderão enriquecer a minha maneira de ser como pessoa (sentir-me-ei mais livre).

Ver-te

Tanto tempo, mas foi preciso naquele dia uma pequena conversa para me aperceber bem da tua voz. Naturalmente, se dou importância a estas coisas, acho-a bonita: e dou-te importância. Não paro de olhar para ti. Vês? Eu sei que já reparaste. Não paro de olhar para ti. Porque estás sempre com aquele sorriso? Pões-me sorridente também. Queixo-me destas coisas, e a culpa é tua! Tanto tempo, e não acredito que estamos na mesma. Não paro de olhar para ti…

Acabei por sonhar contigo. Uma e outra vez, e depois mais ainda. Na realidade, penso em ti. Nos sonhos, estou contigo ou penso em ti. Os sonhos são uma coisa fantástica (uma fantasia): neles temos tempo para estarmos um com o outro, interagirmos, conhecermo-nos; e não parece existir mais ninguém (que nos interrompa). Os sonhos são uma coisa fantástica, mostram-me o que realmente quero. Não ma dão, no entanto, e quando a ilusão desvanece ao toque do despertador (quando o despertador arranca-a de nós, atira ao estado da nossa alma a verdade das coisas), quando acordo e apercebo-me: hoje é dia de escola; e depois penso: hoje vou vê-la; “hoje” torna-se mais fácil de aceitar: de bom agrado acordo para a realidade, e recordo-me, ainda meio no mundo do irreal, ainda quando réstias do meu último sonho permanecem na minha mente, que ela é real, que este sentimento que sinto graças a ela é real. A realidade afectou-me os sonhos e hoje é mais um dia, minha princesa. Amoleço-me nestas coisas, e a culpa é tua! Acabei por sonhar contigo mais vezes.

Apercebendo-me da tua voz - de como ela realmente é - desfigurou a imagem que tinha de ti. É o que dá olhar-te, pensar-te, por tanto tempo, sem que nada quase aconteça. É o que dá não te conhecer bem, e gradualmente, muito lentamente, quase estaticamente, ver esta situação mudar. Naquele dia foi a tua voz que mais me marcou. E mudar, mudou a minha percepção de ti. Reparei um pouco mais na pessoa que escondes por detrás da tua timidez. Oh porque és tu tão tímida? Porque sou eu tímido? (Mas eu gosto de ser tímido. E tu, gostas?) Apercebendo-me da tua voz, pergunto-me o que achas da minha (que não creio que seja alguma coisa de especial, mas será especial a tua, ou é apenas especial a maneira como me toca? O que torna as coisas especiais?) É linda, e tu és linda, ou é apenas tudo o que a tua imagem representa que me fascina? Como se define beleza?

Meu amor (eu amo-te), minha princesa (em todas as definições que encontro para o conceito de bela), minha rapariga dos sonhos (e nos sonhos), meu lírio da inspiração (puseste-me a escrever isto, e não só. E eu tenho estado a gostar), estou a ver-te, não paro de olhar para ti. Vês? A culpa é tua.

Um simples olhar

Tudo começou com um simples olhar.

    Depois seguiram-se outros,
    E agora já a envolvo em raros instantes de conversa.
    O tempo passa, as palavras pouco se trocam,
    E, no entanto, todos estes pequenos momentos bastam
    Para me intensificarem várias sensações,
    Que surgem umas por cima de outras, quase como se atropelando...
    E tão pouco falamos: não entendo.

    Eu que associava olhos giros àqueles outros verdes ou azuis…
    E descubro lindos os dela, sendo apenas castanhos:
    Tão claros, e inusuais
    tal como são as coisas especiais.

    Melhor ainda: o que esses olhos me crêem mostrar!
    Que desejam eles? Que prometem eles?
    Só me resta adivinhar…
    No entanto, falam-me mais ao coração,
    Do que conseguiriam vulgares palavras de paixão.

    Mas se fossem só os olhos deslumbrantes!
    Ela é demais gira
    E sorrindo, deslumbra, mais ainda.
    Então, aí, a minha alma sorri, deslumbrando também!
Tudo começou com um simples olhar.
    Bastou.